Resenha do livro ‘O voto feminino no Brasil’, de Teresa Cristina de Novaes Marques

por João Paulo Silva

A obra “O voto feminino no Brasil”, de Teresa Cristina de Novaes Marques, é uma leitura essencial para quem deseja entender a longa e árdua trajetória das mulheres brasileiras em busca de seus direitos políticos.

Resenha do livro O voto feminino no Brasil de Teresa Cristina de Novaes Marques
O voto feminino no Brasil - Crédito: Fabrizia Posada

Lançada pela Edições Câmara, a segunda edição (2019) se destaca pela linguagem acessível e diagramação compacta, facilitando a fluidez da leitura, além de ilustrações da designer e ilustradora Fabrizia Posada. O livro oferece uma análise detalhada da história do sufrágio feminino no Brasil, contextualizando o movimento em um cenário mais amplo de lutas pela igualdade de gênero e participação política.

Dividido em capítulos que abordam desde os primeiros debates sobre igualdade política na Revolução Francesa até a conquista efetiva do voto feminino no Brasil, o livro explora momentos fundamentais da história.

É interessante que o livro começa falando de igualdade, conceito amplo e fundamental para a discussão dos direitos civis e políticos. Marques menciona que “Igualdade é uma das palavras incorporadas ao vocabulário político do Ocidente no século XVIII. Desde então, é parte do fundamento das democracias…”. Essa reflexão inicial não apenas situa o leitor no contexto do voto feminino, mas também mostra como a luta pela igualdade de gênero está intimamente ligada a um princípio democrático essencial.

A autora ressalta como o conceito de “cidadão”, até o século XIX, era entendido como um substantivo masculino, excluindo as mulheres do processo eleitoral e político. Figuras como Isabel de Souza Mattos, a primeira mulher a tentar exercer o direito de votar, e Leolinda de Figueiredo Daltro, pioneira na luta pelo sufrágio feminino, ganham merecido destaque na obra.

Além disso, Marques traz uma perspectiva sobre a influência internacional de personalidades como Olympe de Gouges e Mary Wollstonecraft, e a conexão com o movimento feminista brasileiro, liderado por Bertha Lutz e a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. A obra também discute as resistências ao voto feminino, apresentando argumentos de opositores como o deputado Serzedelo Correia, que via o direito ao voto como uma ameaça à preservação da família.

O ponto alto do livro é a explicação sobre a aprovação do Código Eleitoral de 1932, que, finalmente, reconheceu o direito das mulheres ao voto no Brasil. Esse marco, celebrado no dia 24 de fevereiro, é visto como um divisor de águas na história da cidadania brasileira.

Teresa Cristina de Novaes Marques, historiadora com doutorado pela Universidade de Brasília, oferece uma abordagem clara e informativa sobre a participação das mulheres na política, com especial atenção aos desafios e resistências enfrentados ao longo do caminho. A autora também se preocupa em situar a luta das mulheres brasileiras dentro de um contexto global de busca por igualdade de direitos, mostrando como as questões locais se interligam com movimentos internacionais.

O livro é uma contribuição para os estudos sobre a história política do Brasil, especialmente no que tange à participação feminina. Seu caráter didático o torna indicado tanto para especialistas quanto para o público geral interessado em compreender o papel das mulheres na construção da democracia brasileira.

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João Paulo Silva
João Paulo Silva, nascido em Barueri/SP e bacharel em Letras pela Universidade Estácio de Sá, é atualmente pós-graduando em Revisão de Texto pela PUC Minas.