Acidente trágico: queda de Helicóptero Arcanjo em Ouro Preto mata seis, incluindo quatro bombeiros

Equipes de busca trabalham para localizar os destroços do Arcanjo 04 em área de difícil acesso

Acidente trágico: queda de Helicóptero Arcanjo em Ouro Preto mata seis, incluindo quatro bombeiros

Uma tragédia abateu o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e a cidade de Ouro Preto, na última sexta-feira (11 de outubro), quando o helicóptero Arcanjo 04 caiu, vitimando seis profissionais. Entre os mortos estavam quatro bombeiros, um médico e um enfermeiro, que cumpriam uma missão de resgate. A aeronave, uma UTI aérea, era peça-chave em operações críticas de salvamento, e sua queda representa o primeiro acidente com morte envolvendo helicópteros do Corpo de Bombeiros do estado.

A aeronave Arcanjo 04, operada pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, estava realizando uma missão de resgate na região montanhosa de Ouro Preto. Por volta do final da tarde de sexta-feira, o helicóptero perdeu contato com a base e, após horas de busca, os destroços foram encontrados em uma área de difícil acesso. Todos os seis ocupantes – quatro bombeiros, um médico e um enfermeiro – perderam a vida no acidente. O sargento Welerson Filgueiros, o capitão Wilker, o tenente Victor, e o sargento Gabriel, foram identificados como os militares que faziam parte da tripulação, ao lado de profissionais de saúde do SAMU.

Vítimas do acidente:

– Capitão BM Wilker Tadeu Alves da Silva
– 1° Tenente BM Victor Stehling Schirmrer
– 2° Sargento BM Welerson Gonçalves Filgueiros
– 3° Sargento BM Gabriel Ferreira Lima
– Médico Dr. Marcos Rodrigo Trindade
– Enfermeiro Bruno Sudário França

Esse helicóptero era conhecido por sua importância nas operações de salvamento aéreo e terrestre em Minas Gerais, incluindo o trágico rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019. Welerson Filgueiros, um dos tripulantes que morreram na queda, ficou marcado por seu papel heroico no resgate de Talita de Souza, de apenas 15 anos, que estava soterrada na lama em Brumadinho. A cena do resgate foi transmitida ao vivo e correu o mundo como um símbolo da dedicação dos bombeiros mineiros.

Sargento Welerson, à esquerda, e o tenente Gualberto, que participaram do resgate da jovem Talita, de 15 anos, em Brumadinho – Crédito: Arquivo Pessoal

Experiência e dedicação em missões aéreas e terrestres

A tripulação do Arcanjo 04 não era novata em operações de alto risco. A aeronave envolvida no acidente atuava desde 2014, sendo equipada para enfrentar missões em condições severas e utilizada em diversas operações de resgate e salvamento. Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Henrique Barcellos, os tripulantes eram altamente treinados para operar sob as condições mais adversas.

“A aeronave tinha todos os requisitos necessários para voar em condições severas e era pilotada por profissionais extremamente capacitados”, explicou Barcellos. O helicóptero foi uma peça central nas operações de Brumadinho e, segundo o porta-voz, os bombeiros do Arcanjo 04 tinham a expertise necessária para lidar com missões críticas.

O piloto do Arcanjo 04, capitão Wilker, participou de inúmeras operações em Brumadinho, enquanto outros membros da tripulação, incluindo o tenente Victor e o sargento Gabriel, também estavam envolvidos nas buscas terrestres após o rompimento da barragem.

Um dia de luto em Minas Gerais

A queda do helicóptero marcou um dia de luto para Minas Gerais. O governador Romeu Zema usou as redes sociais para lamentar a morte dos seis profissionais. “Lamento profundamente a trágica perda dos quatro militares do Corpo de Bombeiros e de dois socorristas, vítimas de um acidente enquanto cumpriam sua nobre missão de resgate em Ouro Preto. Minha solidariedade e orações estão com os familiares e amigos nesse momento tão difícil”, declarou Zema.

O vice-governador, Professor Mateus Simões, anunciou luto oficial de três dias no estado em memória das vítimas do acidente. “Minas está em luto. Meus sentimentos às famílias dos heróis do Corpo de Bombeiros. Força e oração a todos”, afirmou Simões.

A dor foi sentida em todo o Corpo de Bombeiros, que divulgou nota oficial expressando consternação com a perda dos seus membros. “A corporação segue empenhada nos trabalhos de recuperação e apoio aos familiares dos nossos irmãos de farda”, informava o comunicado. Psicólogos da corporação foram destacados para prestar assistência aos familiares das vítimas.

Causas do acidente ainda são investigadas

Apesar da grande experiência dos pilotos e da manutenção em dia da aeronave, as causas do acidente ainda estão sob investigação. O terreno íngreme da região de Ouro Preto e as condições meteorológicas adversas podem ter sido fatores contribuintes para a tragédia, mas as investigações preliminares ainda não apontaram um motivo claro. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e outros órgãos competentes estão colaborando nas investigações para determinar as causas exatas da queda.

A queda do helicóptero Arcanjo 04 foi o primeiro acidente com vítimas envolvendo aeronaves do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. “É uma aeronave multimotor robusta, com capacidade para 11 tripulantes. A perícia de nossos pilotos foi determinante para garantir a segurança em várias operações anteriores. Este é um momento de muita dor e de consternação”, afirmou o tenente Barcellos.

Histórico de heróis no resgate de Brumadinho

Momento em que sargento Welerson Filgueiros (capacete amarelo) fez resgate em Brumadinho - Crédito: Reprodução
Momento em que sargento Welerson Filgueiros (capacete amarelo) fez resgate em Brumadinho – Crédito: Reprodução

Os bombeiros que perderam suas vidas no acidente de Ouro Preto foram os mesmos que atuaram no resgate em Brumadinho, evento que abalou o país em 2019. A dedicação desses profissionais em resgatar sobreviventes e recuperar corpos foi amplamente reconhecida em todo o Brasil.

O sargento Welerson Filgueiros, em particular, ficou marcado pelo resgate de Talita de Souza, uma das poucas sobreviventes retiradas com vida do mar de lama. “Ele foi um herói naquela ocasião e continuou sendo até o final. Seu legado é de coragem e altruísmo”, relatou um colega emocionado.

Apoio às famílias e comunidade bombeira

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, conhecido por sua dedicação e profissionalismo, prestará todo o apoio necessário às famílias dos militares e profissionais de saúde que perderam suas vidas. A corporação, consternada, reafirmou seu compromisso com a resiliência e a continuidade do trabalho em prol da segurança pública.

O acidente lança luz sobre os riscos enfrentados diariamente por profissionais de resgate e socorristas, cuja missão muitas vezes envolve situações de grande perigo. A perda dessas seis vidas é um lembrete doloroso dos sacrifícios feitos por aqueles que dedicam suas carreiras a salvar outras vidas.

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