Barragem da Vale em Ouro Preto tem nível de emergência reduzido

Estrutura na Mina de Fábrica melhora condição de estabilidade com remoção de rejeitos e monitoramento aprimorado

A Barragem Grupo, na Mina de Fábrica, Ouro Preto (MG), teve o nível de emergência rebaixado de 2 para 1 pela Agência Nacional de Mineração (ANM) nesta terça-feira, 12 de novembro de 2024. A medida foi possível graças à continuidade do processo de descaracterização, que já removeu mais de 1,48 milhão de metros cúbicos de rejeitos, equivalente a 60% do total previsto. Esse avanço, somado à ampliação de investigações geotécnicas e de instrumentos de monitoramento, aumentou a segurança da estrutura, segundo os responsáveis pelo projeto.

Barragem da Vale em Ouro Preto tem nível de emergência reduzido
Barragem Grupo teve nível de emergência reduzido pela Agência Nacional de Mineração - Crédito: Vídeo Delivery

A Barragem Grupo integra o conjunto de 14 estruturas a montante que a mineradora Vale se comprometeu a eliminar como parte de seu Programa de Descaracterização. Desde 2019, 16 das 30 barragens planejadas para descaracterização já foram eliminadas, sendo 13 em Minas Gerais e 3 no Pará, totalizando 53% das estruturas que representam maior risco ambiental e para as comunidades locais. Esse compromisso, além de uma responsabilidade legal, foi reafirmado pela diretora de Descaracterização de Barragens da Vale, Adriana Bandeira: “A eliminação das estruturas a montante é um compromisso assumido pela Vale com a sociedade, além de ser também uma obrigação legal. Estamos empenhando todos os esforços para garantir que esse processo aconteça da maneira mais célere possível, priorizando, sempre, a segurança das pessoas e do meio ambiente.

O processo de descaracterização é fundamental para eliminar os riscos inerentes a barragens a montante, cuja técnica de construção foi associada a rompimentos de grande impacto em tragédias recentes no Brasil. A Vale, ao adotar esse programa, visa não apenas cumprir com normas de segurança, mas também promover maior estabilidade ambiental na região. O investimento já realizado no programa supera R$ 9 bilhões.

De acordo com a Vale, o trabalho de descaracterização na Barragem Grupo, iniciado em 2023, já atingiu 60% do cronograma previsto, com expectativa de finalização em 2025. Esse mesmo prazo também se aplica à Barragem Área IX, outra estrutura na Mina de Fábrica que faz parte do programa de descaracterização. Ambas as estruturas receberam intervenções geotécnicas e ampliação dos sistemas de monitoramento, que fornecem dados em tempo real e oferecem maior controle sobre a segurança das barragens. As investigações geotécnicas, segundo os gestores do projeto, foram essenciais para aprimorar o conhecimento sobre a condição estrutural da barragem, possibilitando intervenções mais precisas.

Outro fator de segurança é a Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), implementada como medida de prevenção em caso de eventual ruptura. Esta ECJ, com uma Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) válida, está dimensionada para reter todo o rejeito da Barragem Grupo, reforçando a segurança não só da estrutura, mas também do entorno.

Desafios técnicos e tecnológicos

A descaracterização de barragens, especialmente as construídas pelo método a montante, demanda uma série de recursos tecnológicos e logísticos, além de mão de obra especializada. Na Mina de Fábrica, foram introduzidos equipamentos operados remotamente, tecnologia que garante a segurança das equipes e minimiza riscos durante as operações, conforme relata o gerente geral de descaracterização na Mina de Fábrica, Eduardo Kelly: “As obras estão acontecendo conforme o planejamento e estamos usando tecnologias inovadoras, como os equipamentos operados à distância, para garantir a segurança das equipes envolvidas.

Essa inovação permite intervenções seguras, principalmente em locais de difícil acesso ou com materiais instáveis, além de otimizar os prazos de conclusão. O cronograma prevê que, em 2025, a barragem Forquilha III também entre em fase de descaracterização, enquanto as barragens Forquilha I e II ainda passam por investigações adicionais para maior compreensão de suas condições geotécnicas antes do início das obras.

Monitoramento e responsabilidade ambiental

Os projetos de descaracterização contam com o apoio e acompanhamento de assessorias técnicas independentes, responsáveis por validar as ações e verificar a conformidade dos trabalhos com os padrões exigidos. Essas equipes técnicas estão vinculadas aos Termos de Compromisso firmados entre a Vale e órgãos de fiscalização, como o Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM). Esses termos têm como objetivo assegurar que as medidas aplicadas estejam alinhadas às melhores práticas e garantam a segurança das comunidades locais.

Na prática, o monitoramento contínuo das estruturas inclui a instalação de sensores e o uso de drones, que captam informações detalhadas sobre a condição das barragens, possibilitando uma resposta rápida em caso de qualquer alteração na estabilidade. Essas medidas preventivas são fundamentais para a segurança das barragens e servem como precaução adicional enquanto as obras de descaracterização prosseguem.

Além das barragens já citadas, a Barragem Baixo João Pereira, também localizada na Mina de Fábrica, teve sua descaracterização finalizada em 2022 e já não representa riscos associados ao método a montante. Outras estruturas seguem em fase de descaracterização conforme o cronograma planejado pela mineradora.

Veja também: