Em um cenário político tenso, candidatos ao legislativo de Ouro Preto filiados ao Partido Liberal (PL) se sentem “enganados” e “traídos” pelo presidente do partido, Elismar – também conhecido como Pastor Mazinho – que, segundo eles, teria manipulado o processo eleitoral. A queixa vem após a convenção partidária do PL, realizada em 4 de agosto de 2024, onde o presidente teria concordado com todas as decisões acordadas durante o evento, mas, segundo relatos dos candidatos, agido de maneira contrária nos dias seguintes.
Convenção marcada por omissões
Durante a convenção, o presidente do PL de Ouro Preto, Pastor Mazinho, esteve presente, mas sua conduta levantou suspeitas posteriormente. Segundo João Flávio, um dos candidatos ao legislativo municipal, “a convenção aconteceu normalmente, mas, infelizmente, o presidente do partido redigiu a ata com alguns erros, não colocando o nome dos candidatos a vereadores e deixou o local antes da convenção terminar”. A situação se agravou quando, após o evento, Mazinho viajou e não registrou as candidaturas ao legislativo como era esperado.
De acordo com os candidatos, Mazinho teria registrado apenas seu nome como candidato à prefeitura de Ouro Preto, junto ao nome de seu vice, fora do prazo e sem consentimento da maioria presente na convenção. Este ato isolado foi descrito pelos candidatos como uma “enorme fraude” que colocou em risco suas campanhas, investimentos financeiros e suas chances nas eleições.
Recurso eleitoral e indignação
A Justiça Eleitoral indeferiu as candidaturas dos vereadores devido às irregularidades identificadas, incluindo a falha no registro e o desrespeito aos prazos estipulados. “A equipe jurídica da coligação ‘Ouro Preto Merece Mais’ entrou com recurso, mas infelizmente não obteve êxito”, afirma João Flávio, ressaltando que os candidatos aguardam o resultado de um novo recurso interposto pelo presidente do partido.
Os candidatos expressaram profunda indignação e frustração com a situação. “Estamos sendo vítimas de uma enorme fraude com relação à nossa candidatura”, desabafa Flávio, frisando que a confiança depositada no processo eleitoral foi abalada. “Gastamos tempo, energia e recursos financeiros, sem muitas condições. Temos sonhos e sentimentos envolvidos na nossa candidatura.”
Fraude e prejuízos morais e materiais
O sentimento de traição entre os candidatos é palpável. Muitos relatam que foram lesados moral e financeiramente, sem ter qualquer responsabilidade pelos erros que prejudicaram suas campanhas. “Exigimos que a justiça seja feita e que os responsáveis sejam punidos”, afirmam os candidatos. “Temos direito de concorrer às eleições e não podemos ser penalizados pela falta de responsabilidade e falta de caráter das pessoas causadoras dessa grande fraude e humilhação que nos tornamos vítimas.”
Essa situação não afeta apenas o PL. Candidatos do partido Democracia Cristã (DC) também foram prejudicados devido à “irresponsabilidade de seu presidente”, conforme destacou Flávio, indicando que o problema pode ser ainda mais amplo do que inicialmente percebido.
Justiça eleitoral sob pressão
Os candidatos do PL seguem aguardando uma decisão judicial que lhes permita continuar concorrendo ao legislativo de Ouro Preto. No entanto, a confiança no processo eleitoral já foi fortemente abalada. “Esperamos que a Justiça Eleitoral reveja esse triste fato de forma justa e imparcial, pois não temos responsabilidade com as falhas encontradas no processo de candidatura”, afirmam os candidatos, reiterando sua confiança de que uma decisão favorável será tomada.
Pastor Mazinho responde acusações: “Fui traído por Du de Mariana”
Após os candidatos a vereador do PL terem alegado traição e fraude no processo eleitoral, o presidente do partido, Pastor Mazinho, que também é candidato à prefeitura, se posicionou publicamente para rebater as acusações e direcionar a culpa para outra liderança política: Duarte Júnior, candidato a prefeito em Ouro Preto pelo partido Republicanos.
Em comunicado divulgado aos eleitores de Ouro Preto, Mazinho esclareceu sua versão dos acontecimentos, alegando que a responsabilidade pelo registro incorreto das candidaturas dos vereadores não foi dele, mas sim de uma equipe liderada por Duarte, outro ator relevante no cenário eleitoral da região. “Fomos surpreendidos com uma decisão judicial cassando a candidatura de alguns vereadores. Essa cassação ocorreu pelo registro feito de forma errada e irresponsável”, afirmou Mazinho.
Ele ainda ressaltou que a falta de interesse em resolver juridicamente a situação, por parte da equipe do Du, foi um dos fatores determinantes para que as candidaturas fossem indeferidas. “A equipe do Du de Mariana deixou de promover as ações jurídicas necessárias”, continuou Mazinho.
Mazinho foi direto ao acusar Duarte Júnior de manipulação e deslealdade, destacando que essa não seria a primeira vez que ele teria traído aliados políticos. “A conduta do Du de Mariana de trair, abandonar e iludir todos a sua volta não me assusta. Fez isso em Mariana com João Ramos, Celso Cota e a população Marianense, e agora o faz em Ouro Preto”, acusou Mazinho, relacionando o atual impasse a uma suposta estratégia de manipulação política.
O pastor alega que os candidatos que tiveram suas candidaturas cassadas foram levados ao erro por falsas promessas de Du de Mariana, que, segundo ele, assumiu o controle do processo de registro e acompanhamento jurídico de forma indevida. Mazinho descreveu essa situação como uma “violação de regras eleitorais” e uma tentativa de sabotar os planos políticos dos envolvidos.
Candidaturas prejudicadas e um projeto pessoal
Mazinho se mostrou solidário aos candidatos que tiveram suas candidaturas indeferidas, afirmando que “eles confiaram erroneamente em Du de Mariana” e, por isso, foram prejudicados. “Esses candidatos indeferidos foram induzidos a confiar na sua liderança, e hoje não podem ser mais candidatos”, lamentou o pastor, destacando que os sonhos e projetos de vida dessas pessoas foram “violentamente abortados em troca de um projeto pessoal”.
Além disso, ele reafirmou sua candidatura à prefeitura de Ouro Preto e garantiu que todos que continuarem ao seu lado terão seu apoio. “Sou candidato a prefeito, e os que confiaram em mim estão na disputa eleitoral com recurso no Tribunal. Iremos ganhar e irei apoiar e proteger todos que caminharem comigo”, declarou, adotando uma postura confiante sobre o futuro da sua campanha.
Mazinho finalizou seu pronunciamento afirmando que não busca criar confusão, mas que a “verdade tem que ser dita”, apontando Du de Mariana como o verdadeiro responsável pela situação que prejudicou os candidatos do PL e do Democracia Cristã (DC). “O verdadeiro responsável deve ser desmascarado, pelo bem do povo ouro-pretano”, conclui.
Duarte Júnior responde acusações
O candidato a prefeito Duarte Júnior, chamado de Du de Mariana pelo acusador, respondeu ao Pastor Mazinho em entrevista ao portal Mais Minas, refutando as afirmações feitas contra ele e sua equipe. Em suas palavras, Du de Mariana declarou: “O Pastor Mazinho infelizmente se perdeu. Ele tem cassação de primeira instância. Cassação de segunda instância. Não tem um único vereador o acompanhando.” Além disso, ele relembrou um encontro entre os dois, que teria ocorrido na residência de Mazinho, ao lado de sua esposa: “A conversa que eu tive com ele foi dentro da casa dele. Ao lado da esposa dele que fez um pão-de-queijo maravilhoso. Onde eu fui super bem atendido.” Segundo Du de Mariana, a conduta de Mazinho teria mudado ao longo do processo eleitoral, colocando seus interesses pessoais acima do respeito ao próximo: “Infelizmente o interesse político para ele pesou maior do que o respeito ao próximo. Ele deixou todos os candidatos dele em situação difícil. Ele é mentiroso e está somente preocupado com os interesses pessoais dele.”