A cidade de Mariana, um dos maiores símbolos de Minas Gerais, tem se tornado palco de um enredo que mistura Justiça Eleitoral, política e, claro, a população que observa tudo de longe. Nesta quinta-feira, Juliano Duarte e Sonia Azzi foram diplomados como prefeito e vice-prefeita de Mariana. Que esse seja o fim da constante troca de prefeitos decidida pela Justiça Eleitoral e o fim da instabilidade política na cidade .
Não é novidade que, em diversas ocasiões, a Justiça Eleitoral tem atuado como um árbitro que decide mais do que o pleito propriamente dito. A troca constante de prefeitos em Mariana, resultado de decisões que olham papeis, mas que não olham a urna, coloca a cidade em um impasse que transcende a própria política. Ao invés de garantir a estabilidade e o bem-estar da população, a Justiça parece, em muitos casos, mais uma parte do jogo político, decidindo quem vai governar com base em questões técnicas e jurídicas, ao invés de uma eleição legítima.
Não se pode negar que a Justiça tem seu papel essencial em qualquer sociedade democrática, e isso inclui garantir a lisura do processo eleitoral e corrigir eventuais abusos. Porém, em Mariana, essa intervenção tem sido recorrente a ponto de parecer que a cidade não é governada pelo voto popular, mas pela caneta de juízes que, em nome da Lei, acabam criando um cenário de instabilidade que prejudica diretamente a gestão pública.
Ao se falar em democracia, a legitimidade das eleições deve ser a base para a escolha de qualquer gestor. A interferência constante das decisões judiciais tem levado a uma falta de continuidade administrativa, que afeta desde a implementação de políticas públicas até a simples confiança da população no sistema eleitoral. Em muitas ocasiões, a Justiça acaba se tornando uma força maior do que a própria política, de modo que a vontade do povo fica em segundo plano, eclipsada por um mar de decisões judiciais que desestabilizam o cenário político.
O principal questionamento que se impõe é: a Justiça deve ser maior do que a política? E, nesse contexto, a cidade de Mariana serve de exemplo de como a instabilidade gerada pela judicialização excessiva pode prejudicar o desenvolvimento local. Para que o município possa crescer e prosperar, é necessário que haja uma gestão contínua, sem interrupções impostas por decisões que, muitas vezes, carecem de explicação. A política, com seus altos e baixos, já é suficiente para garantir a alternância de poder; a Justiça não precisa ser maior do que isso.
Por fim, espera-se que a Justiça, ao interferir nas questões eleitorais, entenda que sua função é, antes de tudo, garantir a democracia e a vontade popular, e não ser uma peça-chave de uma disputa que vai além do interesse público. Mariana precisa de estabilidade, e quem deve assegurar isso são os próprios marianenses, nas urnas, sem que a política se veja subjugada a decisões que a distancia do povo que representa.
Se a Justiça não aprender a equilibrar suas ações com a política, Mariana seguirá à mercê de um processo eleitoral marcado pela instabilidade, onde o verdadeiro vencedor será o caos, e não o bem-estar da população.