Os grupos de WhatsApp: divãs modernos ou palanques de oportunismo?

por Rodolpho Bohrer

Nos últimos anos, os grupos de WhatsApp se tornaram um fenômeno social em que se conectam amigos, familiares e colegas de trabalho. Porém, essa ferramenta poderosa também tem sido usada de maneira equivocada, a meu ver, por algumas pessoas que, ao invés de contribuírem para debates construtivos, preferem transformar esses espaços em palanques de desabafo e, muitas vezes, de oportunismo político.

Os grupos de WhatsApp divãs modernos ou palanques de oportunismo

Em diversas cidades, incluindo Ouro Preto, é comum encontrar grupos de WhatsApp repletos de mensagens de indivíduos que passam o dia inteiro criticando políticos locais. Se essas críticas fossem construtivas e embasadas em fatos, poderiam ser um catalisador para mudanças positivas. No entanto, muitas vezes, o que se vê são ataques pessoais e xingamentos que mais parecem fruto de mágoas pessoais do que de uma preocupação genuína com a gestão pública.

Essas pessoas, que se comportam como verdadeiros “haters” dos tempos modernos, utilizam os grupos de WhatsApp como divãs, despejando suas frustrações e ressentimentos sem qualquer filtro ou reflexão. Criticar políticos é um direito de todos, e é essencial para a manutenção de uma democracia saudável. No entanto, quando essa crítica se transforma em um ataque constante e irracional, perde-se a chance de um diálogo produtivo e construtivo.

Mais preocupante ainda é o fato de que muitas dessas pessoas parecem motivadas mais por oportunismo do que por um verdadeiro desejo de mudança. Usam o espaço virtual para promover suas agendas pessoais, seja para ganhar notoriedade, seja para angariar apoio para futuras candidaturas ou simplesmente para se sentirem importantes. Essa atitude não só mina a confiança na política, mas também polui o ambiente digital, tornando-o tóxico e afastando aqueles que realmente desejam discutir soluções para os problemas da cidade.

O resultado desse comportamento é duplamente prejudicial. Primeiro, desvia a atenção dos reais problemas que precisam ser debatidos e resolvidos. Segundo, cria um clima de animosidade e divisão que dificulta a construção de consensos e o trabalho conjunto em prol da comunidade. Quando todos estão focados em atacar, ninguém está disposto a ouvir ou colaborar.

É urgente que repensemos a maneira como utilizamos os grupos de WhatsApp e outras redes sociais. Precisamos cultivar uma cultura de diálogo respeitoso e crítico, onde as opiniões divergentes sejam ouvidas e consideradas. As críticas devem ser fundamentadas em argumentos sólidos e direcionadas a ações e políticas, não a pessoas. E, acima de tudo, precisamos lembrar que a participação política vai muito além do teclado: envolve engajamento real, propostas concretas e, sobretudo, um compromisso com o bem comum.

Se queremos ver mudanças positivas em nossa cidade, devemos começar por mudar a maneira como nos comunicamos e como participamos dos debates públicos. Oportunismo e ressentimento não constroem nada de valor. Diálogo, respeito e engajamento, sim. Que os grupos de WhatsApp possam se transformar em verdadeiros espaços de construção coletiva, onde todos tenham voz e onde as críticas sejam um passo rumo à melhoria, e não um fim em si mesmas.

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Rodolpho Bohrer
Sócio proprietário e fundador do Mais Minas e jornalista em formação pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Redator de cidades, tecnologia e política, além de link builder na Agência MaisPost e redator do portal O Noroeste.
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