A população de Ouro Preto e autoridades locais reforçaram na segunda-feira (9/12/2024) a necessidade de melhorias imediatas na BR-356, rodovia que conecta Belo Horizonte à histórica cidade e outras localidades mineiras. Em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), solicitada pelo deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), foram debatidos problemas estruturais, segurança e impactos de planos de duplicação e concessão da via.
Representando o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o superintendente em Minas Gerais, Antônio Gabriel dos Santos, detalhou os contratos recentes para manutenção e sinalização da rodovia. Ele também ouviu cobranças de vereadores, moradores e grupos organizados que pedem soluções urgentes para os trechos críticos da BR-356.
Planos de manutenção e segurança para a BR-356
Os novos contratos citados pelo DNIT incluem melhorias em trechos de pistas, drenagem e sinalização da BR-356. Segundo Antônio dos Santos, o primeiro contrato, já assinado, prevê intervenções como roçada, drenagem e pavimentação ao longo da rodovia. O segundo contrato, com assinatura prevista para dezembro, será focado na sinalização horizontal e vertical, ampliando a segurança dos acessos a distritos e bairros de Ouro Preto.
O superintendente afirmou que os projetos para acessos locais, como em Amarantina e Cachoeira de Campo, estão em fase de ajustes finais com a prefeitura. Outras localidades, como o trevo de Saramenha, também estão no radar para intervenções futuras. “Até o final do primeiro semestre do ano que vem, esperamos que a BR-356 já esteja com uma nova cara”, declarou.
Duplicação da BR-356 e controvérsia
Embora as ações de manutenção e sinalização tenham sido bem recebidas, as discussões sobre a duplicação da rodovia geraram críticas. O Governo do Estado abriu consulta pública para a concessão de trechos da BR-356, utilizando recursos do Acordo de Mariana, relacionado ao desastre da barragem de Fundão.
Hélio Augusto Teixeira Silva, procurador de Ouro Preto, se posicionou contra o uso de recursos do acordo para a duplicação, argumentando que “beneficia a mineração, mas socializa os custos do pedágio”. Ele destacou que a expansão da mineração pode trazer milhares de trabalhadores para a região, aumentando o tráfego e os riscos na rodovia.
Vereadores como Matheus Pacheco também criticaram o modelo proposto, destacando que a duplicação não deve ocorrer à custa da população local. Ele ressaltou a retirada de radares como um fator agravante na segurança da BR-356, especialmente nos acessos a bairros e distritos.
Impactos locais e reivindicações
Para os moradores de Ouro Preto, os problemas na BR-356 vão além da duplicação. A vereadora Líliam França apresentou dados alarmantes: a rodovia registra, em média, 178 vítimas anuais, incluindo 35 mortes, principalmente em áreas turísticas e nos acessos a distritos.
Ciclistas, como Francielle Fernandes, enfatizaram a vulnerabilidade de quem utiliza a rodovia para transporte ou lazer. Ela relembrou um acidente em agosto que resultou na morte de um ciclista e na amputação de outro, reforçando a urgência de melhorias.
Vereadores eleitos para 2025, como Carlos Aparecido Mendes, pediram atenção especial a trechos como o Bairro Nossa Senhora do Carmo, Amarantina e o trevo de Saramenha. Mendes defendeu uma duplicação “sem pedágios em áreas críticas” e ações locais independentes para acessos seguros.
Desafios e próximos passos
O DNIT enfrenta desafios na execução de suas propostas, como o fechamento de trechos da BR-356 por questões de segurança devido ao descomissionamento de barragens da Vale. A situação tem gerado congestionamentos e atrasos para motoristas.
Sobre os radares, Antônio dos Santos explicou que alterações na legislação limitaram o uso desses equipamentos, mas sua retomada está sendo avaliada com base em critérios do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Para além da duplicação, o DNIT anunciou planos de adequação da rodovia, incluindo a criação de novas terceiras faixas, acostamentos e melhorias em curvas perigosas.