Samarco antecipa aumento de produção e investe em expansão sustentável

Mineradora planeja chegar a 60% da produção até dezembro de 2024

A Samarco anunciou a antecipação em seu cronograma de aumento de produção de pelotas de minério de ferro, que faz parte da continuidade do seu processo de reestruturação após a tragédia de Mariana em 2015. Operando com 30% da capacidade, a mineradora pretende alcançar 60% até o final deste ano. A expectativa é que atinja 100% em 2028.

Samarco antecipa aumento de produção e investe em expansão sustentável
Crédito: João B. N. Gonçalves

Inicialmente programada para o primeiro trimestre de 2025, a expansão será iniciada em dezembro de 2024, resultando em um aumento significativo da capacidade produtiva, que passará de 9 milhões para 15 milhões de toneladas anuais. O investimento total para viabilizar esse crescimento é estimado em R$ 1,6 bilhão.

Desde o retorno das operações em 2020, a Samarco segue um planejamento gradual. Para alcançar os 60%, a mineradora tem concentrado esforços em aprimoramentos tecnológicos e operacionais, como a reativação do Concentrador 2, em Mariana e Ouro Preto, e da usina de pelotização P3 em Anchieta (ES).

Usina de pelotização P3 no Complexo de Ubu no Espírito Santo – Crédito: João B N Gonçalves / Mais Minas

Inovações no Tratamento de Rejeitos e Sustentabilidade

Uma das grandes mudanças operacionais da Samarco desde o retorno das atividades envolve como a empresa lida com os rejeitos gerados durante a mineração. A empresa abandonou a prática de deposição de rejeitos em barragens, como as que causaram a tragédia de Mariana, adotando um modelo de empilhamento a seco, considerado mais seguro. 

Atualmente, cerca de 80% dos rejeitos da Samarco passam por um processo de filtragem que permite sua disposição sem o uso de grandes quantidades de água. Os 20% restantes são depositados em uma cava, uma área previamente usada para extração de minério.

Essa mudança reflete uma tendência crescente no setor de mineração, particularmente em Minas Gerais, onde mineradoras como Vale e Samarco buscam evitar a repetição de tragédias ambientais como as de Mariana e Brumadinho. Embora o empilhamento a seco seja considerado mais seguro do que o uso de barragens, ele ainda exige monitoramento constante para evitar deslizamentos, especialmente em condições de alta umidade.

Para suportar o aumento da capacidade produtiva, a Samarco está construindo uma nova planta de filtragem de rejeitos arenosos e realizando melhorias em seu concentrador. Esses investimentos somam R$ 1,3 bilhão e serão essenciais para a empresa atingir a meta de 60% de capacidade até o próximo ano.

Impacto econômico, geração de empregos e população flutuantes

A expansão da Samarco também tem um impacto direto na geração de empregos, uma vez que a empresa já criou cerca de 3.000 novas vagas nos últimos meses. Desses, 2.250 postos foram abertos em Mariana e Ouro Preto, nas operações do Complexo de Germano, onde se concentra a maior parte das atividades da mineradora em Minas Gerais. 

Esse aumento na geração de empregos é uma resposta às expectativas das comunidades anfitriãs, como Mariana, que desde a tragédia de 2015 experimentam um crescimento populacional expressivo. Atualmente, segundo dados da Prefeitura de Mariana, a cidade conta com 35 mil habitantes flutuantes, enquanto o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica 61.387 pessoas.

A cidade viu seu número de atendimentos diários na saúde básica triplicar desde o desastre, refletindo a chegada de novos trabalhadores e suas famílias em busca de oportunidades geradas pela retomada das operações da Samarco e pelos projetos de reparação conduzidos pela Fundação Renova, criada para lidar com os danos causados pela tragédia.

Paralelamente, a Samarco continua envolvida nas discussões sobre a repactuação do acordo de reparação dos danos do desastre de 2015. A empresa já destinou R$ 37 bilhões para essas reparações, sendo R$ 17 bilhões em indenizações. Recentemente, o poder público propôs um novo acordo no valor de R$ 109 bilhões, a serem pagos ao longo de 12 anos. Embora as negociações estejam em andamento, ainda não houve condenações judiciais definitivas.

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