O fim da era de ouro da Marvel? Deadpool e Wolverine têm a resposta (alerta de spoiler)

Filme não salva o Universo Cinematográfico da Marvel do tédio, mas chega bem perto

por João Paulo Silva

Qual é o nome da comédia besteirol, clássica da “Sessão da Tarde” (TV Globo), em que dois amigos passam um fim de semana com o cadáver do seu antigo patrão enquanto tentam convencer todo mundo de que ele está vivo? Acertou, se você respondeu “Um morto muito louco”!

Crédito: Divulgação/Marvel

Pois bem, o mais recente filme da Marvel funciona de forma semelhante. Dois amigos (não mais tão jovens), interpretados por Ryan Reynolds e Hugh Jackman, cuidam dos restos mortais do Universo Cinematográfico Marvel que tentam não dar o seu último suspiro. Sim, eu falo de “Deadpool & Wolverine” e é claro que eu estou falando em sentido figurado. A Marvel está bem longe do fim, embora tenha perdido os rumos da “era de ouro” de anos atrás.

O conceito narrativo do multiverso garante que você possa substituir qualquer pessoa morta por uma versão viva de si mesmo da dimensão vizinha – o animado Wolverine, que na verdade morreu no filme “Logan” de 2017, é a melhor prova disso. Mas o MCU está tentando sair da crise provocada pelo ator Jonathan Majors, que deveria ser o vilão da próxima fase, mas que foi condenado por agressão e assédio de sua ex-namorada e demitido pela Marvel. Alguns dos últimos filmes e séries foram fracassos em comparação com outras produções do estúdio, e o termo fadiga de super-heróis se estabeleceu nos últimos anos devido à grande quantidade de conteúdo da Marvel.

O “bobo da corte” empunhando uma espada no reino da Marvel ainda não foi uma parte oficial do quadro geral, seus filmes eram sangrentos demais para isso e ele dizia palavrões com muita frequência. No entanto, ele tentou se tornar parte do coletivo de super-heróis Vingadores. Decepcionado com a rejeição deles, ele decide pendurar seu uniforme para sempre. Deadpool só quer ser Wade Wilson e vender carros usados.

Impossível, considerando os milhões de dólares que os dois primeiros filmes arrecadaram. O desprezível burocrata Paradox (muito bem interpretado por Matthew Macfadyen) da Autoridade de Variância Temporal (AVT), uma agência responsável por monitorar várias linhas do tempo no multiverso (assista a série Locki) abre uma oportunidade para ele mudar de seu universo para o universo principal e entrar para os Vingadores. A única condição: seu próprio universo, já perto do fim, deve ser “desligado”. Deadpool se recusa e, em vez disso, viaja por metade do multiverso como um autoproclamado “Jesus da Marvel” para obter uma versão de Wolverine em sua equipe, derrotar Paradox e outros vilões e, assim, evitar o fim de seu universo.

O enredo até faz sentido, mesmo com o excesso de piadas e sarcasmos típicos do personagem. Deadpool, é simplesmente muito divertido. É ainda maior se você também é fã de filmes de super-heróis mais antigos da 20th Century Fox, como “X-Men” ou “Quarteto Fantástico”. Mesmo que o filme se espelhe como um inventário do Universo Cinematográfico da Marvel, ele continua sendo parte da máquina: ele vive quase inteiramente de referências cruzadas aos outros filmes e de heróis antigos como o Wolverine.

Surpresas e momentos surpreendentes desempenham um papel central em Deadpool & Wolverine. Seis anos após os eventos de “Deadpool 2”, Wade Wilson tenta levar uma vida normal – mas é óbvio que ele sofre por ter deixado sua existência como super-herói para trás. O longa não salva o Universo Cinematográfico da Marvel do tédio, mas chega bem perto.

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João Paulo Silva
João Paulo Silva, nascido em Barueri/SP e bacharel em Letras pela Universidade Estácio de Sá, é atualmente pós-graduando em Revisão de Texto pela PUC Minas.
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