Em 25 de março de 1908 era fundado, em Belo Horizonte, aquele que no futuro se tornaria uma das principais agremiações do futebol brasileiro: o Clube Atlético Mineiro, ou simplesmente Galo, como é chamado por sua apaixonada torcida, adversários e imprensa nacional. A camisa listrada em preto e branco é facilmente reconhecida e ainda mais se ao fundo dos atletas estiver seus fanáticos torcedores entoando, dentre diversas músicas, o marcante hino do clube, que prega o principal ideal alvinegro: Vencer, Vencer e Vencer!
Marcado por, historicamente, ter o Mineirão, principal estádio de Minas Gerais, como casa, nos últimos anos, o Atlético passou a mandar boa parte de seus jogos no Independência, segundo maior estádio da capital mineira. Mas nos próximos anos tal fato será modificado, tanto o local onde o Galo manda seus jogos, como também o ranking de arenas no estado, já que o time alvinegro está construindo seu estádio próprio, a Arena MRV, que enche os torcedores de esperança para uma escalada de estrutura para a equipe belo-horizontina.
Dono de um patrimônio invejável, que conta com um Centro de Treinamento de primeiro nível, um Shopping Center e outras estruturas, e que será ampliado com a inauguração de sua arena, o Galo também tem em suas conquistas motivo de orgulho. Maior campeão mineiro, o Atlético também ostenta conquistas nacionais, como o Campeonato Brasileiro de 1971 e a Copa do Brasil de 2014, vencida, inclusive, sobre seu maior rival, o Cruzeiro, e internacionais, com a Copa Libertadores da América de 2013 e as Copas Conmebol, vencidas em 1992 e 1997.
A fundação do Atlético
O Galo nasceu como Atlético Mineiro Futebol Clube, em 1908, e foi um dos primeiros times de futebol a surgirem em Minas Gerais, nascendo apenas quatro anos após a fundação do primeiro clube mineiro, o Sport Club Foot-Ball, fundado em 10 de junho de 1904. Os fundadores do clube foram dez estudantes de classe média, oito funcionários públicos, três ourives, um comerciário, um tipógrafo e um viajante, sendo dois deles ingleses e um italiano.
Apesar da fundação em 1908, a primeira partida atleticana só veio a acontecer no ano seguinte, em 1909. E a espera valeu a pena, pois o novato goleou o Sport Club Foot-Ball, “vovô” da época, por um sonoro 3 a 0. O primeiro gol da história do Atlético Mineiro foi marcado por Aníbal Machado, que curiosamente se tornaria famoso como escritor, alcançando notoriedade com a obra Viagem aos Seios de Duília, conto que posteriormente seria transformado em filme.
O primeiro título oficial do futebol mineiro foi do Galo
Após alguns anos, em 1914, a Liga Mineira de Esportes decidiu criar o primeiro torneio oficial da história de Minas Gerais: a Taça Bueno Brandão, que foi vencida pelo Atlético, de forma invicta. E se o primeiro título oficial do futebol mineiro foi atleticano, o primeiro Campeonato Mineiro, disputado em 1915, também foi.
Dois títulos em dois anos colocaram o Atlético como sensação estadual, mas nos anos seguintes, foi a hegemonia de um rival que perdurou: entre 1916 e 1925, o América-MG empilhou dez troféus de forma consecutiva, se tornando o único decacampeão mineiro.
Trio Maldito e ascensão
Durante o período, a rivalidade entre Atlético e América se intensificou, os dois times tinham as maiores torcidas de Belo Horizonte e por isso os embates entre os clubes ficou conhecido como “Clássico das Multidões”.
Para um time que surgiu de forma arrasadora, dez anos sem conquistas era algo impensável, então o Atlético alinhou uma sequência de grandes jogadores, entre eles Carlos Brant, Nariz, Mário de Castro, Jairo e Said, que viriam a recolocar o alvinegro no topo do futebol mineiro.
Mário de Castro, Jairo e Said formaram um dos mais marcantes trios ofensivos da história atleticana, chamado de Trio Maldito, e foram diretamente responsáveis pelos títulos mineiros de 1926, 1927, 1931 e 1932.
Seguindo sua história pioneira, em 1929 o Atlético inaugurou seu estádio, o Estádio Antônio Carlos, primeiro do estado com sistema de iluminação para realização de partidas noturnas, sendo este mecanismo colocado em utilização em 1930. Foi o alvinegro, também, que disputou a primeira partida internacional em solo mineiro, quando em 1 de setembro de 1930, venceu por 3 a 1 o Vitória, de Portugal, que vinha de títulos expressivos em seu país.
9 a 2 e rivalidade entre Atlético e Cruzeiro
Hoje, quando se pensa em futebol mineiro, dois times instantaneamente vem à cabeça: o Atlético e o Cruzeiro, seu maior rival. Como manda uma boa rivalidade, são comuns trocas e chacotas entre as torcidas e uma das preferidas dos atleticanos e que mais incomodam os cruzeirenses é o 9 a 2, mais elástica goleada envolvendo as duas equipes.
A partida aconteceu no ano de 1927, quando o Cruzeiro ainda se chamava Palestra Italia e não era o principal rival atleticano. O jogo foi válido pelo Campeonato da cidade daquele ano, sendo este ainda um torneio amador.
E quando a bola rolou, não houve disputa, com o Trio Maldito, composto por Mário de Castro, Jairo e Said, em grande noite, o Atlético fez nada menos que nove gols no Palestra Italia. Os gols atleticanos foram marcados por Getúlio, Mário de Castro (2), Said (3) e Jairo (3). Ninão, marcando duas vezes, fez os gols de honra da equipe palestrina. Além do placar histórico, a goleada ainda garantiu ao alvinegro o título estadual daquele ano.
Apesar da goleada e das constantes disputas de título entre as equipes, a rivalidade entre Atlético e Palestra Itália não era muito acentuada. O comum confronto foi se tornar um clássico somente ao final dos anos 1930. Coincidentemente, o período foi bastante vitorioso para o clube alvinegro, que entre 1936 e 1950 conquistou 15 campeonatos mineiros, num período onde o futebol já havia se profissionalizado no país.
Um clube internacional
O Atlético também tem diversos feitos históricos fora dos limites brasileiros. Desde 1950, o Galo fez 26 excursões pelas Américas, Europa, África e Ásia, tendo conquistado resultados expressivos em algumas delas, como a conquista da Taça do Gelo, em 50, quando bateu diversos times alemães.
Outros fatos lembrados com frequência são as vitórias atleticanas sobre selecionados nacionais. Primeiro, o 3 a 2 sobre a seleção da Iugoslávia, em 1968, e depois o triunfo mais lembrado, o 2 a 1 sobre a Seleção Brasileira, em 1969. O time do Brasil era, inclusive, base daquele que seria Tricampeão do Mundo em 1970, e contava com nomes como Pelé, Tostão e Jairzinho. O gol do folclórico atacante Dadá Maravilha deu a vitória ao time mineiro contra sua seleção.
1971: o Galo no topo do Brasil
Apesar do domínio estadual nos anos 40 e 50, os anos 60 não foram tão felizes para o Atlético e o time começou a sentir falta de grandes conquistas, já que, naquele momento, o futebol a nível nacional e continental estava em alta, começando a suprimir o regional.
Em 1971, muitos times fortes entraram na disputa do Campeonato Brasileiro, que começava a ser chamado dessa forma. O Santos tinha Pelé, o Corinthians tinha Rivellino, o Botafogo tinha Jairzinho e o Corinthians, Gérson, todos eles campeões do mundo em 1970. Mas foi o Galo de Dadá Maravilha, reserva na Seleção tricampeã que “riu por último” naquele ano.
Contando com 15 gols de Dadá, artilheiro da edição, e que marcou o gol do título, o Atlético desbancou Botafogo e São Paulo no triangular final daquele ano e levantou o caneco daquele que por muito tempo foi conhecido como o primeiro Campeonato Brasileiro da história, até a unificação dos títulos nacionais, que aconteceu em 2010 e passou a considerar os campeonatos disputados a partir de 1959.
O esquadrão dos anos 1980
Após o título de 1971, o Atlético amargou um jejum de conquistas, voltando a levantar um troféu somente em 1976, quando foi campeão mineiro. Mesmo com a falta de títulos de grande importância, o Galo se fortaleceu, e no final dos anos 1970 já tinha a base daquele que seria, para muitos, o melhor esquadrão da história atleticana.
Apesar de unir nomes como João Leite, Luizinho, Toninho Cerezo, Palhinha, Ângelo, Marcelo Oliveira, Paulo Isidoro, Ziza, Éder Aleixo e Reinaldo, considerado por grande parte da torcida o maior jogador da história do Atlético, o clube mineiro não conseguiu mais que um domínio estadual e dois vice-campeonatos brasileiros, em 1977 e 1980.
Vice-campeão invicto
Em 1977, o Atlético protagonizou um evento quase inacreditável: a equipe foi vice-campeã brasileira de forma invicta. A equipe mineira não perdeu um único jogo durante aquele campeonato, terminando a fase classificatória nada menos que dez pontos à frente do São Paulo, que levaria o caneco.
Com Reinaldo fazendo 28 gols em apenas 18 partidas durante aquela edição, o Galo não teve dificuldades em chegar a grande final, onde enfrentou o São Paulo. E em uma partida de jogo único, sem o craque e artilheiro do time, que havia sido punido por agredir um adversário durante o campeonato, o Atlético não conseguiu tirar o zero do placar. Nos pênaltis, o que parecia improvável aconteceu e os paulistas venceram por 3 a 2, ficando com o título.
Atlético x Flamengo: o nascimento de uma rivalidade
Nos anos 1980, Atlético e Flamengo eram dois dos melhores clubes brasileiros, protagonizando embates épicos e colocando frente a frente jogadores como Reinaldo e Zico. A equivalência de forças entre as equipes e as disputas protagonizadas por ambas já seriam suficientes para a criação de uma rivalidade interestadual, mas houve outro porém que colocou o time carioca na “lista negra” dos mineiros: a arbitragem.
Brasileirão de 1980
A primeira polêmica aconteceu em 1980, na final do Brasileirão. Após o Atlético vencer o jogo de ida por 1 a 0, no Mineirão, com gol de Reinaldo, sempre ele, o jogo decisivo foi disputado no Maracanã.
O Galo precisava apenas de um empate para ser campeão, mas o Flamengo fez jogo duro e a arbitragem também. Nada menos que três jogadores atleticanos foram expulsos, entre eles os craques Palhinha e Reinaldo, sendo o artilheiro mandado para o vestiário com o placar empatado em 2 a 2. E com superioridade numérica de um jogador (dois seriam expulsos após o 3 a 2), Nunes fez, aos 37 do segundo tempo, o gol que tiraria o 2 a 2 do placar e daria o título ao time carioca, que mesmo com o empate no agregado saiu com o troféu, já que obteve melhor campanha na semifinal do que o Atlético.
Além das expulsões, os atleticanos reclamam muito de faltas e impedimentos marcados incorretamente para prejudicar o time mineiro, que acabou tendo de se contentar com o vice-campeonato daquele ano.
Libertadores de 1981
Se houve alguém que imaginou a final do Campeonato Brasileiro de 1980 como ponto alto das polêmicas envolvendo Atlético, Flamengo e arbitragem, se enganou. O episódio que viria a acontecer no ano seguinte, de certa forma até ofuscou as três expulsões da disputa nacional anterior. O confronto entre mineiros e cariocas pela Copa Libertadores de 1981 seria tão marcante que não é raro ver referências ao confronto classificando-o como “o maior roubo da história do futebol”.
Dois times que se equivaliam em forças, Atlético e Flamengo ficaram no mesmo grupo da competição continental e disputaram ponto a ponto a primeira colocação da chave. Ao fim da fase, ambas as equipes tinham oito pontos ganhos nos seis jogos disputados entre si e contra Cerro Porteño e Olímpia, ambos do Paraguai.
Como naquela época só uma equipe se classificava para a fase seguinte, as semifinais, disputadas em triangular, foi necessário um jogo de desempate entre Atlético e Flamengo para definição de quem seguiria na competição. Como a decisão seria em jogo único, a partida foi movida para o estádio Serra Dourada, em Goiás.
Após dois empates em 2 a 2 na fase de grupos, Atlético e Flamengo foram para a disputa final sem um franco favorito e mesmo antes da bola rolar, uma decisão desagradou os atleticanos: a escalação do carioca José Roberto Wright para comandar o apito.
O pontapé inicial transformou a partida. De um simples jogo nervoso e tenso, houve uma escalada que colocaria a partida como uma amarga e rancorosa lembrança atleticana. Logo aos 33 minutos do primeiro tempo, quando já haviam quatro atleticanos e um flamenguista amarelados, o craque Reinaldo fez falta por trás em Zico, que nem reclamou, e foi expulso, de forma direta. O lance rendeu muita reclamação, mas a partida seguiu com o Galo tendo um a menos em campo.
Mas a partir dali, qualquer ideia de calmaria para aquela partida seria perdida. Após uma falta marcada por Wright, o ponta Éder trombou com o juiz, que também o mandou para o chuveiro com um cartão vermelho em punho.
A decisão de Wright inflamou torcida, comissão técnica e diretoria atleticana, com os dois últimos grupos invadindo o campo e obrigando a polícia a intervir na confusão. E a torrente de vermelhos não parou por aí. Chicão foi expulso por insinuar que o árbitro havia recebido do Flamengo e o camisa 10 Palhinha também recebeu a punição máxima do jogo em meio a confusão.
A esta altura, o Atlético tinha somente sete jogadores em campo, mínimo necessário para a realização de uma partida de futebol. Temendo uma punição caso abandonasse o jogo, o Galo decidiu enfrentar o Flamengo com o que restara do seu elenco. Elenco mesmo, pois até o banco de reservas atleticano foi completamente expulso, com exceção de dois atletas, Fernando Roberto e Marcus Vinícius, que entraram em campo como substitutos.
Após cerca de 20 minutos de confusão, a partida recomeçou, com uma visível discrepância de 7 para 11 jogadores entre os times. Bem, logo após o reinício da partida, Toninho Cerezo recuou uma bola para João Leite, que caiu no gramado, alegando lesão. Como o árbitro não permitiu que o goleiro atleticano recebesse o atendimento devido, dando continuidade a partida, os ânimos voltaram a se exaltar, o que acabaria em mais um expulsão de um atleticano, dessa vez de Osmar Guarnelli.
Com apenas seis atletas aptos a jogo, a partida foi encerrada e o Flamengo declarado vencedor e classificado. O rubro-negro viria a conquistar o título continental e, consequentemente, o mundial, valendo-se da controversa partida contra o Galo.
A partida é relembrada com bastante dor pelos atleticanos até os dias atuais e José Roberto Wright jamais assumiu ter agido de má fé na ocasião, tendo já afirmado que os jogadores atleticanos estavam de “palhaçada” e praticando “anti futebol”. Hoje, o que resta, além da frustração, são imagens do cordão de isolamento feito por policiais ao redor do pouco convencional gramado do Serra Dourada e da revoltada torcida atleticana provocando focos de incêndio nas arquibancadas do estádio goiano.
Triunfos continentais
Mesmo com sua equipe recheada de craques, o Atlético não conseguiu sucesso além das fronteiras de Minas Gerais nos anos 1980. O que restou àquela equipe lendária foram nada menos que oito títulos estaduais em dez disputados, perdendo apenas os de 1984 e 1987. O clube alvinegro chegou a alinhar seis conquistas consecutivas do Campeonato Mineiro, entre 1978 e 1983.
Mas se os anos 1980 não se configuraram em títulos, os anos 1990 trouxeram à torcida atleticana suas primeiras conquistas internacionais oficiais: as copas Conmebol de 1992 e 1997. O torneio foi criado pela Confederação Sul-Americana para ser uma opção às Copa Libertadores e Supercopa dos Campeões da Libertadores.
Na primeira conquista atleticana, em 1992, o clube ainda contava com nomes como o do ídolo João Leite e de Paulo Roberto Prestes. A final foi contra o Olímpia, do Paraguai, com vitória atleticana por 2 a 1, no placar agregado, após vitória de 2 a 0 e derrota de 1 a 0. Ambos os gols atleticanos foram marcados por Negrini.
Já em 1997, o Galo conquistou seu bicampeonato ao bater o Lanús na final, com um placar agregado de 5 a 1, vencendo o primeiro jogo, fora de casa, por 4 a 1, e empatando o segundo em 1 a 1. Naquele time atleticano se destacavam o goleiro Taffarel, campeão do mundo com o Brasil três anos antes, e os atacantes Marques e Valdir Bigode. Com a extinção da competição após a edição de 1999, o Atlético se consolidou como o maior campeão do torneio, com dois troféus.
A década de pesadelo
Com dois títulos internacionais nos anos 1990 e boas campanhas nacionais no período, os anos 2000 prometiam. Mas apesar das expectativas, o que se viu foi o clube entrar numa crise gigantesca que além da escassez de conquistas, exceto alguns estaduais, levou o time ao seu pior momento esportivo na história: o rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, em 2005.
Apesar da queda, a torcida atleticana não abandonou sua equipe e obteve a maior média de público da história da segunda divisão nacional, que perdura até hoje, sendo a força motriz que auxiliou a equipe a conquistar o título da Série B daquele ano e voltar à primeira divisão em 2007.
Nos anos que se seguiram, o time atleticano alternou boas e más campanhas no Brasileirão, mas nada que se aproximasse do céu, com possibilidades reais de título, ou do inferno, com um novo rebaixamento.
Os anos de ouro do Atlético
Os anos 2010 viriam para mudar o que vinha acontecendo no Atlético nas últimas décadas. O clube passou a ser mais agressivo no mercado, trazendo jogadores de melhor qualidade e, após uma campanha ruim em 2011, o ano de 2012 chegou com os mineiros tendo um de seus melhores elencos dos últimos anos. Problemas crônicos, como a posição de goleiro, foram resolvidos com a chegada de Victor, vindo do Grêmio, além da contratação de um nome de peso para o meio de campo: Ronaldinho Gaúcho, craque duas vezes melhor jogador do mundo e que vinha de passagem conturbada pelo Flamengo.
Com um futebol bonito e ofensivo, comandado por Ronaldinho, Bernard e Jô, o Galo fez grande campanha no Brasileirão 2012, mas acabou sendo superado pelo Fluminense de Fred, numa temporada que rendeu muitos protestos atleticanos voltados à um suposto benefício da arbitragem ao Tricolor Carioca. Vice-campeão, o Atlético conseguiu retornar a Copa Libertadores após muitos anos e naquele momento, se iniciou a caminhada para uma conquista épica.
Libertadores de 2013
Já considerado um dos melhores elencos do Brasil, o Atlético seguiu em busca de reforços e repatriou ídolos como Diego Tardelli e Gilberto Silva, que se encaixaram perfeitamente numa engrenagem que já funcionava fazia uma temporada.
Quando a bola rolou na Libertadores, o Atlético fez campanha arrasadora na fase de grupos, com direito a lances mágicos, protagonizados muitas vezes por Ronaldinho Gaúcho, e também não teve dificuldades em despachar o bicho-papão São Paulo nas oitavas de final da competição, com direito ao cômico lance da “água do Ronaldinho” ao icônico goleiro Rogério Ceni.
Mas se o começo da competição foi fácil para o Atlético, o restante desta se tornou um “teste para cardíacos”. Primeiro nas quartas de final, quando o time vinha se classificando até o último lance do jogo contra o Tijuana, do México, e a arbitragem marcou um pênalti a favor dos mexicanos. Se o atacante colombiano Duvier Riascos marcasse, o Galo estava fora, mas aquele dia estava marcado para ser a canonização de São Victor do Horto, já que o goleiro atleticano defendeu, com o pé, a cobrança do atacante adversário, colocando o Galo na semifinal.
Na fase seguinte, o adversário foi o Newell’s Old Boys, da Argentina, que contava com nomes em grande fase, como era o caso do atacante Scocco e do meia Maxi Rodríguez. Na ida, vitória incontestável dos argentinos por 2 a 0. Na volta, com direito a apagão e tudo mais, o Galo devolveu o placar e passou nos pênaltis, 3 acertos contra 2 dos argentinos. O Clube Atlético Mineiro estava em sua primeira final de Libertadores.
E o adversário da final era o mesmo da Copa Conmebol de 1992, o Olímpia do Paraguai. No jogo de ida, fora de casa, um banho de água fria: mais um 2 a 0 para o adversário. Mas a Libertadores 2013 já havia mostrado ao atleticano que ele tinha motivos para acreditar. Na volta, o Galo novamente devolveu o placar e, de novo nos pênaltis, saiu vitorioso, se sagrando campeão da América pela primeira vez em sua história centenária.
Frustração no mundial
A conquista permitiu que o Galo disputasse o Mundial FIFA daquele ano, mas o que deveria ser um sonho se tornou um pesadelo. O time mineiro foi surpreendido pelo marroquino Raja Casablanca, na semifinal, que com um grande futebol fez 3 a 1 no Atlético, evitando assim a sonhada final dos alvinegros contra o poderoso Bayern de Munique. O time de Cuca precisou se contentar tão somente com o terceiro lugar da disputa.
2014 e a épica Copa do Brasil
O ano de 2014 logo chegaria para apagar as mágoas do Mundial, pois o time atleticano manteve uma base forte e se credenciou novamente aos títulos mais importantes do ano. Primeiro, o Galo não tomou conhecimento do Lanús, da Argentina, vencendo os dois jogos que decidiriam o campeão da Recopa Sul-Americana. E é claro, deu Atlético.
Mas as melhores lembranças daquele ano estariam reservadas para a Copa do Brasil. Como foi em 2013, o time atleticano precisou se superar e realizar duas “remontadas” épicas. Primeiro nas quartas de final, quando levou 2 a 0 do Corinthians fora de casa e usou a força de sua torcida para aplicar um sonoro 4 a 1 que valeu sua ida à semifinal.
E na semifinal parecia dejavú. O Flamengo venceu o jogo de ida por 2 a 0, mas na volta, mesmo abrindo 1 a 0 no placar, os rubro-negros viram um Galo imparável, que empurrado por sua torcida voltou a fazer quatro gols, superando o rival de tantas mágoas no passado e credenciando-se para a grande final.
Mas do outro lado da disputa estava o Cruzeiro, grande rival atleticano e que também possuía grande equipe. A final parou Minas Gerais que prendia a respiração para aquele que prometia ser um confronto épico. Bom, foi, mas não da forma que se esperava. O Galo não encontrou dificuldades em bater seu adversário, vencendo os dois jogos e finalizando o confronto com um sonoro 3 a 0 no placar agregado, levantando de forma inédita a Copa do Brasil.
Anos instáveis
Em um patamar acima do que vinha apresentando nas últimas décadas no futebol brasileiro, o Atlético seguiu montando equipes competitivas, mas os resultados só viriam em disputas estaduais. No período, a equipe alvinegra conseguiu vices de Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, mas as taças ficaram faltando.
No fim dos anos 2010, a situação piorou e o time passou a fazer campanhas medianas, nada como lutar para não cair, mas também a certa distância de brigar por troféus, o que passou a gerar cobranças de seus torcedores.
Virada de década e investimento
Com a virada dos anos 2020, o Galo passou a receber investimento de torcedores bilionários do clube e voltou a ter uma equipe competitiva, que brigou até o fim pelo título Brasileiro de 2020, terminando em terceiro lugar.
Com a promessa de investimento contínuo de seus mecenas, aproximação da inauguração de seu estádio, além de um time cada vez mais forte, se espera um Galo forte para os próximos anos, com um projeto ambicioso que busca colocar a equipe mineira entre as principais do continente. O futuro promete.