O governo de Minas Gerais abriu nesta quarta-feira (27) a consulta pública sobre a duplicação da BR-356, rodovia que conecta Mariana à BR-040. O projeto, orçado em R$ 5 bilhões, promete melhorias significativas no trecho, incluindo duplicação, readequações e serviços de infraestrutura. A iniciativa utiliza R$ 2 bilhões provenientes do acordo de repactuação da tragédia de Mariana e prevê R$ 3 bilhões de investimentos privados.
Plano de obras ambicioso
O projeto engloba 187 quilômetros de intervenções, incluindo:
- 67 quilômetros de duplicação da BR-356;
- 39 quilômetros de faixas adicionais nas rodovias MG-262 e MG-329;
- 64 quilômetros de readequação de acostamentos;
- Construção de contornos viários e passarelas;
- Correção de curvas críticas para melhorar a segurança e o tráfego.
Segundo a Secretaria de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), as mudanças devem reduzir o tempo de deslocamento entre Mariana e Belo Horizonte em até 38 minutos. As obras beneficiarão 11 municípios: Nova Lima, Rio Acima, Itabirito, Ouro Preto, Mariana, Acaiaca, Barra Longa, Ponte Nova, Urucânia, Piedade de Ponte Nova e Rio Casca.
O edital está previsto para o primeiro semestre de 2025, e a conclusão das intervenções deve ocorrer até 2030. Antes disso, duas audiências públicas, programadas para dezembro, buscarão ouvir sugestões da população.
Consulta pública: como participar
A consulta pública estará aberta até 26 de dezembro, permitindo que moradores e interessados opinem sobre o projeto. As contribuições podem ser enviadas pelo site oficial da Seinfra, onde também estão disponíveis informações detalhadas sobre o plano de obras.
De acordo com a Seinfra, o objetivo da consulta é garantir que o projeto atenda às necessidades da população diretamente impactada, além de identificar ajustes e aprimoramentos para o plano.
Preocupações com pedágios
Apesar do entusiasmo em relação às melhorias, a possibilidade de cobrança de pedágios gerou preocupações. O prefeito eleito de Mariana, Juliano Duarte (PSB), destacou o impacto potencial dessa cobrança sobre a população local. Durante uma coletiva de imprensa, ele afirmou:
“A duplicação da BR-356 é uma notícia maravilhosa para Mariana, que sofreu tanto com a tragédia de Fundão. No entanto, como prefeito eleito, não posso aceitar que nossa população tenha que pagar valores altos de pedágio, considerando que grande parte da duplicação será financiada pelo acordo de repactuação”.
Duarte ressaltou que participará das audiências públicas e acompanhará de perto o processo para defender os interesses de Mariana. Ele reforçou que a população já foi amplamente impactada pela tragédia de 2015 e não deve ser penalizada novamente.
Resposta do governo estadual
Questionado sobre o tema, o governador Romeu Zema afirmou que ainda é cedo para definições sobre as tarifas de pedágio. Ele explicou que as condições de concessão, trajetos e valores serão discutidos durante as audiências públicas, com foco em estabelecer tarifas justas para os usuários.
“Tudo será debatido com transparência. Nosso objetivo é garantir que as obras tragam benefícios para a região, sem sobrecarregar a população local”, declarou Zema.
A duplicação da BR-356 faz parte de um plano mais amplo de modernização da infraestrutura viária em Minas Gerais, alinhando parcerias público-privadas e recursos de reparação ambiental.
Impacto na região
A obra é vista como uma oportunidade para alavancar o desenvolvimento econômico da região, especialmente para os 11 municípios beneficiados. Além de melhorar a segurança e reduzir o tempo de deslocamento, o projeto deve gerar empregos durante a execução e atrair novos investimentos para o entorno.
O trecho atual da BR-356 é conhecido por suas condições precárias, com altos índices de acidentes e dificuldade no fluxo de veículos, especialmente nos horários de pico. A modernização é considerada essencial para atender à demanda crescente por transporte na região.
Próximos passos
Além da consulta pública, as audiências em dezembro serão decisivas para ajustar os detalhes do edital de concessão. Com o contrato previsto para ser assinado no segundo semestre de 2025, as obras devem começar ainda no mesmo ano.
Os desdobramentos da consulta pública e o feedback das audiências serão fundamentais para definir aspectos críticos do projeto, como o modelo de concessão, tarifas de pedágio e cronograma de implementação.